...Paulo descreve amplamente, em seu
sexto capítulo, de sua Epístola aos Romanos: "Como podemos nós", diz
ele, "dizer que aquele, que, pela fé, está morto para o pecado, viva ainda
algum tempo nele?". "Que, nosso velho homem estando crucificado com
Cristo, o corpo do pecado estaria destruído, e que, dali em diante, não
deveríamos servir mais ao pecado". – "Do mesmo modo, considerem-se
mortos para o pecado, mas vivos para Deus, através de Jesus Cristo, nosso
Senhor. Não permitam, daí, em diante, que o pecado reine", mesmo "em
seus corpos mortais". "Porque o pecado não tem mais domínio sobre
vocês". Deus estará agradecido, que vocês, que eram servos no pecado,
agora, sendo livres dele, tornem-se servos da retidão.
O
mesmo privilégio inestimável dos filhos de Deus, é afirmado por João;
particularmente, com respeito ao ramo anterior, isto é, o poder sobre o
pecado externo. Depois de ter clamado, como alguém atônico, diante das
profundezas da bondade de Deus: "Observe, que tipo de amor Deus tem
outorgado sobre nós, para que possamos ser chamados de Filhos de Deus! Observe
que, agora, somos os filhos de Deus: Mas ainda não aparece o que nós devemos
ser; no entanto, nós sabemos que, quando ele aparecer, nós devemos ser como
ele; porque assim como é, o veremos" (I João 3:1). Mas alguns homens irão dizer: "Verdade:
Quem quer que seja nascido de Deus não comete pecado habitualmente".
Habitualmente! De onde vem isso? Eu não li a respeito. Isso não está
escrito no Livro. Deus diz claramente: "Ele não comete pecado"; e
tu acrescentas, habitualmente! Quem tu pensas que és, para retificares
as palavras de Deus? Para que "acrescentes às palavras desse livro?"
Toma cuidado, eu imploro a ti, para que Deus não "acrescente" a ti
todos os flagelos que estão escritos nele! Especialmente, quando o comentário
que tu acrescentas é tal, que desdiz completamente o texto: De maneira que, por
meio desse método ardiloso de engodo, as promessas preciosas estão
terminantemente perdidas; por meio desse ardil e subterfúgio de homens, a
palavra de Deus é feita sem efeito algum. Toma cuidado, tu que, assim, tiras
das palavras deste livro; que, removendo o significado e espírito inteiro
delas, leves somente o que pode ser, realmente, denominado letra morta, para
que Deus não remova tua parte do livro da vida!
Mas vamos deixar que o Apóstolo interprete suas
próprias palavras, pelo teor total de seu discurso. No quinto verso, deste
capítulo, ele diz: "E bem sabeis que ele", Cristo, "se
manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado". Qual é
a inferência que ele esboça disso? (I João 3:6) "Qualquer que
permanece nele não peca; qualquer que peca não o viu e nem o conhece". Para
seu reforço nessa doutrina importante, ele estabelece como premissa uma
precaução altamente necessária: "Filhinhos, ninguém vos engane. Quem
pratica justiça é justo, assim como ele é justo" (verso7); porque
muitos se esforçarão para persuadir você, de que pode ser injusto que você
possa cometer pecado, e, ainda assim, ser filho de Deus! "Quem
pratica justiça é justo, assim como ele é justo. Quem comete o pecado é do
diabo, porque o diabo peca, desde o princípio". Então, segue, "Quem
quer que nasça de Deus, não comete pecado; porque a sua semente permanece nele;
e não pode pecar; porque é nascido de Deus. Nisso", acrescenta o
Apóstolo, "são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo".
Por essa marca clara (cometendo ou não cometendo pecado), é que eles são
distinguidos uns dos outros. Para o mesmo efeito são as palavras em: (I João
5:18) "Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas
o que de Deus é gerado, conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe
toca"....
Retirado do Livro "As Marcas do Novo Nascimento".
John Wesley